domingo, 16 de fevereiro de 2014

Agrale: Quem disse que o Brasil não tem uma montadora 100% nacional?

Fonte: http://www.noticiasautomotivas.com.br/

Um dos maiores desejos do brasileiro é ver uma montadora de veículos 100% nacional. No entanto, isto não pode ser generalizado, visto que já temos um fabricante totalmente nascido e criado no país. Quem? A gaúcha Agrale. Tudo bem, ela não produz automóveis, o ponto central da questão. Mas, a empresa fabrica caminhões, ônibus, chassis, tratores, motores e também utilitários 4×4. A gaúcha já fez mais que isso e até chegou a produzir motocicletas no passado.

Fundada em 1962 por Francisco Stédile, a Agrale nasceu em Caxias do Sul, uma das grandes cidades industriais da região sul do Brasil. Com 51 anos de estrada, a empresa foi originalmente chamada AGRISA e começou construindo tratores da marca alemã Bungartz e depois Deutz-Fahr.

Seguindo forte no segmento de tratores pequenos, a Agrale foi abrindo caminho no meio rural e solidificando suas bases, até que em 1982 iniciou uma nova fase: comercialização de caminhões leves. O primeiro modelo era o TX 1100, que era baseado em um modelo da Fiat na Itália. Ele era equipado com motor diesel da própria Agrale, mas com apenas dois cilindros e chegou a vender 200 unidades no primeiro ano.

Pouco tempo depois, a Agrale lançava mais dois modelos de caminhões, os 1600 e 1800. A partir daí, a montadora de veículos de Caxias do Sul foi ampliando gradualmente sua linha de caminhões leves, embora em ritmo bem mais lento que os grandes fabricantes estrangeiros instalados no país.

Paralelamente, a Agrale – sempre com um dos pés na Itália – trouxe ao Brasil uma parceria com a Cagiva. De 1984 a 1997, a empresa produziu motocicletas em parceria com a italiana, destacando-se principalmente no segmento off-road, especialmente enduro. Os modelos SXT e Elefant são lembrados por entusiastas até hoje.

Apesar dos caminhões leves e das motocicletas, a linha de tratores agrícolas continuava sendo o forte da empresa, gerando cada vez mais séries de modelos com várias potências, pesos e aplicações. Passado algum tempo, a Agrale percebeu que precisava entrar no segmento de ônibus e iniciando no segmento de micro-ônibus em parceria com a gigante Marcopolo, também de Caixas do Sul, criando assim a Volare em 1998. Em 2004, o fabricante gaúcho produziu 5.000 chassis.

Foi a partir das vendas de caminhões leves e micro-ônibus, que a Agrale iniciou um processo de inovação nos dois segmentos. Ela foi a primeira a fabricar um cavalo-mecânico leve, o 8500 TR, que logo foi a preferência de muitas autoescolas que ministravam cursos de certificação para motoristas de carreta. No setor de transporte de passageiros, que a gaúcha chegou a ditar moda no mercado.

Ela lançou um produto do segmento midi, que é um misto de micro-ônibus com ônibus de porte médio. O veículo foi aceito em várias empresas e outros fabricantes começaram a perceber também esse nicho. Não satisfeita, a Agrale lançou este tipo de chassi (MA 12.0) com motor traseiro, suspensão pneumática e até piso rebaixado, sendo características vistas apenas em chassis pesados.

Outro grande passo da Agrale foi a parceria com a Navistar, passando a montar no Brasil os caminhões americanos da International, destacando-se o 9800D. Mais recentemente, a empresa passou a fazer caminhões do segmento médio e até lançou uma nova linha com cabine mais moderna. Outro campo de atuação da Agrale é o militar, sendo fornecedor tradicional das forças armadas do país e também no exterior.

Recentemente a Agrale passou a produzir versões civis e militares do utilitário 4×4 Marruá, assim como versão para forças armadas de seus caminhões. No segmento de ônibus, atua apenas nas categorias minibus e midibus, além de transporte de valores. Motores, geradores estacionários e tratores continuam sendo uma parte importante da empresa.

Com mais de 100.000 caminhões e 100.000 motos fabricados ao longo dos anos, por exemplo, a Agrale continua firme no disputado mercado de caminhões e ônibus, que continua sendo liderado por fabricantes estrangeiros. Em 2013, a gaúcha ficou em 9º lugar entre os caminhões e em 7º no segmento de ônibus (Marcopolo/Volare em 3º).

Sendo 100% nacional, a fabricante de Caxias do Sul tem atualmente 4 fábricas, sendo 3 no Brasil e 1 na Argentina. O mercado externo é de grande importância para a marca. Enfim, se ainda não temos carros, pelo menos os demais já não precisamos desejar mais.





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