Fonte: http://extra.globo.com/
Para moradores da Zona Oeste que precisam usar transporte público tarde da noite, a vida não é nenhum conto de fadas. A partir das 22h, em vez de carruagem virar abóbora, os ônibus desaparecem gradativamente, deixando os passageiros a pé. O problema se agrava após a meia-noite, quando a maioria das linhas some, só restando, quando muito, o transporte alternativo.
A Associação de Defesa dos Usuários de Transportes no Estado do Rio de Janeiro (Adut-RJ) aponta 16 linhas da região como as mais problemáticas. O EXTRA foi às ruas e constatou que o problema atinge pelo menos mais sete linhas, além das relacionadas pela associação.
Uma delas é a 873 (Santa Cruz-Campo Grande), que serviria para deixar em casa, na comunidade Nova Jersey, em Paciência, a atendente de lanchonete Gisele Souza, de 21 anos. A jovem trabalha em Campo Grande até meia-noite, mas o último ônibus parte do terminal do bairro logo após as 22h.
Já em linhas como a 366 (Campo Grande-Tiradentes), os ônibus não chegam a sumir totalmente, mas se tornam cada vez mais raros
Para o especialista em mobilidade urbana Marcos Poggi, do Conselho de Transporte da Associação Comercial do Rio, a responsabilidade maior é da prefeitura, “que deve definir regras para circulação dos ônibus nesse horário, cobrar o cumprimento delas e informar o usuário”.
Linhas problemáticas:
As que somem a partir das 22h: 394, 395, 379, 389, 392, 811, 812, 873 ,370, 790, 830, 850 e 936
As que demoram mais de 1h para passar no ponto: 397, 398 e 366
As que demoram mais tempo para passar: 756, 750, 771, 784, 819, 918 e 820
O que diz a prefeitura:
A Secretaria municipal de Transportes informou que, de acordo com o artigo 414 da Lei Orgânica municipal, todas as linhas devem operar com intervalo mínimo de uma hora. O órgão disse ainda que realiza fiscalizações com base nas reclamações feitas pela população, por meio da Central de Atendimento ao Cidadão 1746. O objetivo é verificar se a linha está circulando com a frota determinada pela prefeitura. Os agentes da SMTR também realizam fiscalizações volantes e por meio de GPS.
O Rio Ônibus informou, por meio de nota, que “o consórcio Santa Cruz fará uma fiscalização no serviço prestado aos passageiros durante a noite e a madrugada, para identificar quais linhas não estão sendo atendidas em determinados horários e regularizar as viagens previstas com a frequência adequada.” A nota diz ainda que o serviço dos ônibus na madrugada tem linhas e horários definidos pela prefeitura, e os intervalos previstos podem ser de hora em hora.
O consórcio também lamentou os transtornos que podem ter sido causados aos passageiros, mas ressaltou que o sistema de transporte está em transformação na cidade, com a consolidação do modelo BRT, responsável atualmente pelo deslocamento de mais de 340 mil usuários por dia no Transoeste e no Transcarioca. Segundo o consórcio, nos corredores exclusivos para ônibus, o serviço é realizado de forma ininterrupta, com estações em funcionamento 24 horas.
O Consórcio Santa Cruz pediu aos passageiros que se sentirem prejudicados para liguarem para o número 0800 886 1000 e informarem os desvios encontrados na operação, “a fim de que o serviço prestado aos passageiros seja regularizado.”