Fonte: http://odia.ig.com.br
A viagem é mais rápida. Ninguém nega que com o BRT (Transporte Rápido de ônibus) Transoeste — primeiro corredor expresso ligando os bairros Barra da Tijuca a Santa Cruz e Campo Grande, na Zona Oeste, ganhou tempo no dia a dia. Mas a qualidade do serviço tem decepcionado passageiros que apostaram em uma viagem também mais tranquila. Falta de bilheteiros e banheiros para o público, motoristas e funcionários nas estações, falhas nos equipamentos de recarga de cartão, ônibus superlotados circulando de portas abertas e ar-condicionado ineficiente já são rotina.
Em pouco mais de uma hora a equipe do DIA constatou os transtornos nos 56 quilômetros de extensão do corredor, explorado por 91 veículos articulados, 16 padrões e 65 alimentadores, que interligam estações e terminais aos bairros. O sistema concessionado pelo governo às empresas de ônibus da cidade (Rio Ônibus) é a ‘menina dos olhos’ no setor de transportes do Rio.
É uma vergonha o que enfrentamos todos os dias. A viagem é mais rápida, mas às vezes passam até cinco ônibus lotados até eu conseguir embarcar em um com vaga para ir para casa. Crianças, grávidas e idosos são os que mais sofrem com a situação”, criticou a comerciária Maria dos Santos, de 43 anos, que mora em Campo Grande e trabalha no Recreio dos Bandeirantes. “Pretendia ir para Santa Cruz, mas acabei descendo aqui (na estação de Mato Alto, em Guaratiba) porque o ônibus (placa KOV-8433) trafegava com a porta aberta. Isso acontece com frequência. Tive medo de seguir viagem”, afirmou a empregada doméstica Elizabete Melo, 54 anos, por volta de 17h do dia 15 deste mês.
O motorista de outro veículo articulado admitiu que nos horários de pico, entre 15h e 19h, por exemplo, costuma conduzir os ônibus com cerca de 300 pessoas — mais que o dobro da capacidade máxima permitida, que é de 145 passageiros (49 sentados e 96 em pé). “Às vezes as portas não fecham. Mas se nos recusarmos a dirigir nestas condições, corremos o risco de sermos linchados”, revelou.
O secretário municipal de Transportes, Carlos Roberto Osório, elogia o sistema que, em um ano, é responsável pelo transpote de 105 mil passageiros por dia, marca que superou as expectativas. Mas reagiu com irritação às falhas. “Circular com a porta aberta e não ter água nas estações são coisas inadmissíveis. Não pode, em hipótese alguma. Vamos ser rigorosos na aplicação de multas”, adiantou Osório, garantindo que tem cobrado melhorias à Rio Ônibus.
“Requisitamos à concessionária que coloque mais 12 ônibus articulados no sistema, banheiros químicos nas estações e terminais e máquinas de recargas que dão troco em moedas”, ressaltou.
Apesar de irritado, ele faz uma ressalva: “Falhas são consequências do sucesso absoluto deste meio de transporte. Ainda estamos aprendendo a lidar com o que está apresentando problemas, mas tudo funcionará bem”, comentou.
Ainda de acordo com o secretário, as ilhas alimentadoras ao lado das estações de Mato Alto e Magarça, ganharão cobertura, iluminação adequada e banheiros químicos, queixas dos usuários.
Além de ter que levar água de casa para beber, funcionários das 42 estações e dois terminais do corredor expresso dizem que faltam trabalhadores. No dia 12, por exemplo, só havia um bilheteiro na estação de Mato Alto. Eles reclamam também da falta de policiais militares, da má iluminação e de locais apropriados para fazer as refeições. Nas estações há seguranças particulares.
Em nota, a Rio Ônibus informou que cumpre à risca a legislação trabalhista e que cabe ao poder público cuidar do policiamento ostensivo e iluminação no entorno das estações. Em relação à superlotação, a concessionária alega que através de câmeras de vídeo o Centro de Operações tem noção da quantidade de passageiros nos veículos, mas não tem como contá-los.
A nota diz ainda que os ônibus do BRT têm sistema especial que reduz a velocidade dos veículos até pararem, caso circulem com portas abertas, como a equipe do DIA flagrou.
A Rio Ônibus informou também que “aperfeiçoamentos no ar-condicionado têm sido aplicados com sucesso, com vistas a deslocamentos de visitantes e torcedores na Copa do Mundo de 2014 e nas Olimpíadas 2016”.
“As estações que não têm água da Cedae são abastecidas por carros-pipa”, explica o texto.