Fonte parcial: http://extra.globo.com
Funcionários da Translitorânea Rotas Turísticas encontraram as portas da empresa fechadas na manhã desta quinta-feira. Nenhum ônibus foi permitido de sair da garagem e empregados ficaram de plantão na porta do estabelecimento. Segundo o dono da empresa, Alvaro Lopes, a empresa está sem dinheiro para pagar seus funcionários.
De acordo com os empregados, o problema vem acontecendo desde o início do ano, quando surgiram informações sobre uma crise na Translitorânea. Mesmo assim, eles foram informados que o problema seria solucionado e a empresa continuaria aberta.
- Eles informaram que as coisas iam melhorar. E agora acontece isso às vésperas do Natal - desabafou a cobradora Monica Messias.
Os funcionários reclamam que, desde setembro, o pagamento referente às férias não vem sendo pago. O salário de novembro dos cobradores também não foi depositado e o 13º já está atrasado.
- Tem famílias aqui que estão sendo expulsas da casa onde moram pois não tem dinheiro para pagar aluguel. Estamos desesperados - contou o cobrador Paulo Fernando.
Nas últimas semanas, além dos salários atrasados, os funcionários também precisavam utilizar o dinheiro recebido das passagens para abastecer os veículos. Segundo informações dos motoristas, o dono da empresa pediu que o dinheiro que fosse sendo arrecadado fosse utilizado para abastecer o carro em postos de gasolina. Com isso, a diária dos empregados não foi paga.
Ainda segundo informações de Alvaro Lopes, 100% do valor arrecadado com os Vale Transportes está sendo retido pela Justiça. Assim, a verba, que é a maioria no pagamento das passagens, não pode ser utilizada para pagamento das obrigações da empresa. Os carros não saíram da garagem hoje por falta de dinheiro para colocar diesel.
A empresa nada mais é do que a finada Transportes Amigos Unidos, com um novo nome, pois foi criada para burlar a licitação feita pela Prefeitura do Rio, e exclusivamente para assumir todos os bens, direitos e linhas daquela empresa, contudo, por óbvio, acabou tendo que arcar também com todas as inúmeras dívidas deixadas pela antiga empresa, assim como como parte da dívida deixada pela antiga Transportes Mosa.
Como se não bastasse o maldito espólio passivo que a empresa teve que assumir, sua administração tomou decisões, no mínimo, equivocadas, como, sem necessidade, a compra de uma expressiva quantidade de ônibus de piso baixo, montados sobre chassis Scania, de alto valor agregado, mas com prestações caras, manutenção mais difícil e custo alto, assim como com um consumo de combustível também maior.
A empresa ainda tinha muitos veículos semi-novos que poderiam ser bem aproveitados, muitos já pagos, e que poderiam ter tido uma sobrevida ainda maior, o que sem dúvida teria contribuído para uma melhor saúde financeira, contudo, com a vinda dos novos ônibus, todos aqueles foram retirados de atividade, sendo, alguns, remanejados para outras empresas do mesmo grupo econômico, mas que igualmente vem enfrentando grandes dificuldades.
A Translitorânea é responsável pelas linhas 158, 176, 186, 308, 314, 315, 523 e 524, e já havia pedido o direito de exploração das linhas 521, 522, 546, 591, 592 e 593, pela precariedade do serviço que prestava. Ao todo, cerca de 600 funcionários estão sem saber seu destino neste fim de ano. Eles organizam um protesto na porta da Prefeitura, ainda nesta quinta-feira, e se movimentam para uma greve de rodoviários. Cerca de 150 carros ficaram parados hoje.
Em nota, a Rio Ônibus informou que os consórcios Intersul e Transcarioca estão operando de forma conjunta esta manhã para suprir a ausência de ônibus da empresa Translitorânea, que teve suas atividades paralisadas temporariamente por decisão de seus funcionários. Foi feito um reforço nas linhas operadas pela empresa, de modo a não afetar a população. Os intervalos de saídas dos ônibus estão sendo regularizados, a fim de não reduzir a oferta de lugares aos passageiros.
Diferentemente da nota da Rio Ônibus, as perspectivas para a empresa não são nada boas, pois além da dívida que assumiu das empresas anteriores, já há ação para a retomada de alguns dos veículos novos, assim como várias execuções de outros fornecedores e inúmeras ações de consumidor e de acidente de trânsito, inclusive regressivas promovidas por seguradoras.
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