domingo, 3 de maio de 2015

Assaltos nos ônibus do BRT sobem 147%

Fonte: http://odia.ig.com.br/

A violência pegou carona no BRT. O número de ações criminosas registradas no sistema do início de janeiro até o dia 20 de abril subiu 147% em comparação com o mesmo período do ano passado, quando o corredor Transcarioca não estava inaugurado.

Foi um salto de 21 para 52 ocorrências diversas, como furtos e roubos a passageiros, bilheterias e equipamentos das estações — levando em conta só os casos que chegaram ao conhecimento do consórcio operador do transporte. Mulheres são as principais vítimas

A sensação de insegurança toma conta da rotina de passageiros, bilheteiros, motoristas e até mesmo dos controladores de acesso das estações. Amedrontados por assaltos diários e ameaças de bandidos, que invadem os coletivos do Transcarioca e do Transoeste próximo a redutos de traficantes, alguns cogitam abandonar o trabalho. Segundo eles, os criminosos agem armados, em grupo e principalmente à noite, após as 22h. 

Os funcionários preferiram não se identificar. Um motorista do Transcarioca teve o ônibus assaltado duas vezes só neste mês: “É um inferno. Um despachante contou que, na noite da última terça para quarta-feira, nenhum parador chegou à Estação Fundão sem relato de assalto. Mas de dia acontece muito também.” 

Ele explicou que os criminosos acessam as estações sem passar pela roleta, entram no ônibus, assaltam os passageiros e mandam o motorista abrir a porta no meio do caminho. “O parador Fundão-Madureira é o pior. Os viciados costumam entrar na Penha ou em Olaria e descem entre as estações Santa Luzia e Maré. Já houve motorista agredido porque não abriu a porta”, disse. 

Outro condutor, que roda nos dois corredores desde o ano passado, estima que já tenha presenciado cerca de nove assaltos. “Os pivetes desembarcam do Fundão expresso sentido Alvorada, na Estação Campinho, e embarcam no parador Alvorada, já visando alguma passageira que embarcou no Mercadão. Quando chega em alguma estação da Praça Seca, principalmente na Capitão Menezes, eles puxam a bolsa ou celular e descem.” 

“Quando houve a integração Santa Cruz- Barra, o acesso de bandidos aumentou, até porque não há controle de embarque nas estações. Entra quem quer. O pior é o trecho de Campo Grande. O profissional é agredido e ameaçado no seu local de trabalho”, relatou um motorista.

Os 52 atos criminosos contabilizados pelo Consórcio BRT só este ano representam quase 90% de todos os casos do ano passado, quando houve 60 ocorrências. E os números podem estar subestimados. “Esses registros referem-se aos casos em que a equipe de inteligência do consórcio atuou diretamente com base nas câmeras de vigilância ou na ação de seguranças e policiais. As autoridades de segurança podem ter outros registros”, informou a empresa em nota.

O Instituto de Segurança Pública só contabiliza “roubos em coletivo”, que incluem ônibus convencionais e o transporte alternativo. Segundo o órgão, 602 casos foram registrados no estado em março, o equivalente a 20 por dia. Só na capital foram 388. 

O Consórcio BRT explicou que mantém contato direto com o Estado-Maior da Polícia Militar, relatando os episódios, e adiantou que discute parceria para transmitir as imagens de seu Centro de Controle Operacional ao Centro Integrado de Comando e Controle, onde ficam as forças de segurança do estado. A PM afirmou que desenvolve um plano de ação para coibir os crimes relatados.

Além do risco de assaltos, os passageiros relatam que é comum viajar ao lado de pessoas que fumam ou usam drogas dentro dos ônibus. “Já vi gente fumando dentro do BRT do Cesarão para Santa Cruz. Esses seguranças e nada são a mesma coisa. Quando tem cabine da PM perto, não fazem nada. Fico constrangida”, contou a auxiliar de lojas Dayse Priscila da Silva, de 24 anos. 

O pedreiro Renato Madureira Coura, 35, também reclamou da ausência de seguranças. Quando ele conversava com a equipe do DIA na estação Via Parque, quarta-feira à tarde, não havia um sequer. O consórcio informou que os seguranças circulam no sistema, por isso nem sempre ficam nas estações, mas se recusou a informar a quantidade desses profissionais por questões estratégicas. Segundo o levantamento da empresa, houve 17 assaltos contra bilheterias desde o ano passado.